Os condomínios do Brasil, se coletivamente organizados, seriam uma grande força social, mais uma via de apoio à transformação do país em um estado moderno

Os condomínios do Brasil, se coletivamente organizados, seriam uma grande força social, mais uma via de apoio à transformação do país em um estado moderno.

A tese é simples. Devido à dimensão continental do Brasil e às dificuldades na implantação de novos costumes, é possível obter melhores resultados em qualquer programa que envolva a população, valendo-se da elevada concentração de habitações nos condomínios brasileiros como meio canalizador de ações sociais.

Não temos estatísticas oficiais, mas é fácil concluir que pelo menos S! (um terço) das famílias brasileiras vive e trabalha, atualmente, em edificações reguladas pelas normas condominiais. Isso corresponde a mais de 60 milhões de pessoas.

No caso da coleta seletiva do lixo, por exemplo, o esforço público ou privado que for direcionado aos condomínios, por intermédio do síndico ou administradoras, terá maior resultado do que se voltado a moradias individuais. O ganho é de escala. Em média, em cada condomínio, vivem pouco mais de 50 famílias. É um número que não pode ser desprezado.

A coleta do óleo de cozinha, destinando-o à reciclagem, é outro tópico que deve merecer consideração. Uma campanha objetiva, direcionada aos condomínios, permitirá a obtenção de ganhos significativos pelo simples motivo de que a afluência dos prédios facilita a logística do recolhimento do óleo usado.

Da mesma forma, qualquer proposta de economia de água será mais eficaz se tiver o condomínio como o centro de suas atenções. E assim por diante.

O potencial de ação dos condomínios coletivamente considerados parece não ter chamado a atenção, ainda, das pessoas que determinam as políticas publicas do país. Mas é importante que passe a ser levado em conta.

Não se está a dizer que seja tarefa fácil mobilizar síndicos, administradoras e condôminos de qualquer cidade ou região. Para tanto, são necessários todos os meios comunicativos e de persuasão. O que se enfatiza é que tais meios, quando utilizados, poderão trazer a resposta esperada com menos custo para a iniciativa.

Nessa perspectiva, destaca-se a figura do síndico, líder natural da comunidade de residentes ou usuários, a quem deve ser destinado papel singular e indispensável na organização e na obtenção das metas a serem atingidas.

O investimento que se fizer nos condomínios, pela lei natural da imitação de comportamentos, fará com que a parte da população que reside em casas isoladas também adote atitudes assimiladas, com reflexos positivos para toda a sociedade. Prova disso temos em Curitiba, onde prédios que cuidam de seus jardins com esmero têm sido alvo de imitação pelos proprietários de outras edificações.

O recado está dado. É de graça para quem quiser aproveitá-lo.

Luiz Fernando de Queiroz é autor do TPD-Direito Imobiliário e do Guia do Condomínio IOB, fone (41) 3224-2709, e-mail lfqueiroz@grupojuridico.com.br.

 

Fonte: ICNews